Claro que me estou referindo ao dia de São Martinho.
Comemorado no Pico, mas que muito pouco em Lisboa e muito menos na Madragoa…
Por isso lembrar outros tempos é quase inevitável para quem passa horas de pré-solidão, mas nem tanto…
Daí o recordar anos de juventude a entrar na idade adulta, em fins da década de sessenta - inícios da década de setenta…
Eram dias passados a aprender, na secretaria da Câmara, com distintos professores: Eurico Soares Bettencourt, Hélder Diniz, Manuel Pimentel, Marques Laranjo e Armando Sebastião Bettencourt… e um dia o meu indefetível amigo (amigo que não falha) e sportinguista João Batista B. Domingues de Castro – o grande Sr. João Castro, das Finanças, do Grémio, do conjunto “Os Leões” e de tantas outras coisas boas desses tempos na vila das Lajes – lança o desafio de se comemorar o “São Martinho” na sua adega – o Pontas Negras – na Silveira.
Autorização pedida aos respetivos “chefes”; ementa combinada; preparativos e ajudas para dois ou três responsáveis e alguns ajudantes (eu era ajudante).
Infelizmente desse dia (sãomartinho de 1969) e eram quase três dezenas, já muitos faleceram: João Castro (o anfitrião), Hélder Diniz, António Ávila, Marques Laranjo, Ferreira Pereira, Cabo Oliveira, Cabo Leal, e outros mais, infelizmente…
Foi o meu primeiro e verdadeiro “Dia de São Martinho”.
Anos depois, já casado, em São Roque, também comemorei outros São Martinhos, com amigos, conhecidos e outros parceiros, como na Eira do Cabeço em Santana, com a viola do falecido Sr. Funchinha, na Criação Velha, em S. Miguel Arcanjo ou na Adega de meu sogro no Laranjal, em outras adegas nas Poças, mas lembro-me sempre e mesmo a sério é desse meu primeiro São Martinho na Adega do saudoso amigo João Castro.
Nem tenho palavras para referir a emoção que por mim perpassa ao relembrar os tempos, de amizade leonina, com ele passados…
Estava na recruta nas Caldas da Rainha, no verão de 1973, quando tive a triste notícia do seu súbito falecimento…
Tenho tido muitos outros amigos, mas a amizade sincera e tocante do Sr. João Castro nunca foi substituída.
Será que ainda existe a Adega “Pontas Negras” na Silveira?
Não sei, mas também já não tem esse saudoso, insubstituível e marcante anfitrião: o grande amigo Sr. João Castro.
Um emocionado até sempre…
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